O início da semana foi agitado no mercado financeiro e nas redes sociais, o Twitter oficializou a venda da empresa por US $44 bilhões, cerca de R$ 215 bilhões para o empresário Elon Musk. Atualmente, Musk é o homem mais rico do mundo, de acordo com ranking da Bloomberg.
Algumas mudanças podem ser esperadas com a nova gestão, entre elas, o fechamento do capital da empresa, tweets com maior número de caracteres, liberação do código fonte do site para acompanhar como funciona o engajamento da plataforma e o fim da censura em posts considerados ofensivos ou agressivos, já que Musk acredita e defende a liberdade de expressão na rede social.
“Semanas atrás, Elon Musk se posicionou publicamente dizendo que havia se tornado o maior acionista com cerca de 10% das ações. O Twitter ofereceu um assento no Conselho de Diretores, o mercado acreditava que ele ia aceitar, ele acabou rejeitando e logo em seguida anunciou a oferta de compra da empresa completa”, explica Andrey Nousi, CFA e fundador da Nousi Finance.
Segundo Nousi, neste primeiro momento a compra não faz tanto sentido para o mercado do ponto de vista econômico.
“O mercado está ruim, existe apreensão com o aumento das taxas de juros e o Twitter em si não é uma plataforma que dá lucros há muitos anos, embora os diretores e CEOs tentem reverter isso”, afirma Nousi.
Em contrapartida, algumas mudanças já foram evidenciadas no primeiro dia, uma delas é o preço de compra das ações da empresa.
“O preço de compra foi de US $54,20 por ação, o que representa um prêmio de 38% em relação à cotação do dia 1º de abril, um dia antes dele demonstrar o interesse de comprar a rede social”, afirma Rafael Marques, CEO da Philos Invest.
Para João Beck, economista e sócio da BRA, restam muitas dúvidas acerca de como será a gestão de Musk.
“Declarações recentes mostram que existem intenções de criar uma plataforma realmente livre e democrática. Mas é difícil saber o que isso significa para os acionistas. As ações sobem quase 10% em reação à aquisição, mas para atingir o objetivo de Musk, a monetização maior da plataforma deve ficar em segundo plano”, explica Beck.
Dogecoin em alta
Elon Musk é um grande defensor da Dogecoin, moeda digital construída a partir de um código aberto na blockchain. Nos últimos dias, a moeda subiu bastante e apesar de não ser confirmado que o motivo seja a compra da plataforma, é muito comentado que o assunto possa ter influenciado a sua alta, conforme explica Tasso Lago, gestor de fundos privados em criptomoedas e fundador da Financial Move.
“A compra do Twitter reflete bem no mercado que subiu ontem após o anúncio, de US $30 mil para US $40.500 e a Dogecoin, que ele fala bem, subiu bastante. Bateu máxima de 38% no dia e fechou com 27%, ou seja, a Dogecoin subiu forte porque o Musk já endossa”, explica Tasso Lago.
Segundo o especialista, Elon Musk pretende usar a tese de que criptos podem virar meio de pagamento dentro do Twitter. Além disso, o tema pode ocasionar diversos desdobramentos.